A insegurança e a necessidade de certeza nos relacionamentos
A insegurança e a necessidade de certeza nos relacionamentos. A incerteza é uma sensação que todos nós já experimentamos. Ela aparece quando sentimos que não damos conta de algo, quando nos vemos diante de um desafio e nos questionamos se seremos capazes de superá-lo. Mas o que realmente está por trás desse sentimento?
Primeiro, é importante entender que existem dois tipos de insegurança. Um deles está ligado ao ambiente: quando estamos em um lugar que consideramos perigoso ou fora do nosso controle. O outro é mais interno: é quando duvidamos de nós mesmos, mesmo que o ambiente seja seguro. Podemos estar entre amigos, num lugar confortável, e ainda assim sentir um medo paralisante. Nesses casos, o perigo não está fora, mas dentro de nós.

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Psicóloga com mais de 20 anos de experiência, especialista em relacionamento amoroso. Atendimento humanizado, ética e compromisso
Esse sentimento de insegurança tem muito a ver com a nossa necessidade de certeza. Quando não sabemos como algo vai terminar ou não temos garantia de sucesso, começamos a duvidar da nossa capacidade. Isso pode acontecer em várias situações: ao falar em público, ao tentar uma nova atividade, ou até mesmo em relações sociais. A insegurança surge porque há a chance de errar, de falhar, ou de não agradar.
Curiosamente, a insegurança não aparece quando já sabemos que não somos capazes de algo. Se alguém que nunca tocou violão é chamado para tocar, provavelmente vai apenas dizer que não sabe. Agora, se essa pessoa está aprendendo e sabe um pouco, pode sentir medo de errar. Ou seja, a insegurança nasce quando existe alguma possibilidade de acerto, mas também de fracasso.
Por trás disso, está um medo ainda mais profundo: o de perder a imagem que temos de nós mesmos. O erro pode parecer, para muitos, uma confirmação de que “não somos bons o suficiente”. Esse medo de ter a própria autoestima abalada é tão forte que, às vezes, preferimos nem tentar. Assim, evitamos falhar, mas também deixamos de crescer.
Outro ponto importante é a necessidade de controle. Muitas pessoas inseguras tentam controlar tudo ao seu redor. Isso acontece porque sentir-se no controle dá a falsa sensação de segurança. Quando algo foge do planejado, o medo cresce, pois parece que qualquer imprevisto pode nos derrubar. Essa tensão constante é desgastante e consome muita energia emocional.
Esse tipo de insegurança não é apenas psicológico. Ele também tem raízes profundas na forma como fomos cuidados na infância. Quando um bebê sente que está sendo bem sustentado e protegido, ele desenvolve uma base de segurança emocional. Quando isso falha, pode crescer sentindo que o mundo é um lugar ameaçador e que ele próprio é frágil.
Com o tempo, essa insegurança pode evoluir. Em níveis mais profundos, ela deixa de ser apenas um medo de errar e passa a ser uma sensação de que falta algo essencial: uma base sólida, uma confiança de que somos alguém inteiro e capaz. Nessas situações, qualquer desafio da vida pode parecer uma ameaça muito maior do que realmente é.
A busca por certeza nas relações amorosas
A psicóloga Daniela fala sobre essa busca per certeza que abala os relacionamentos amorosos, deixa você perdido, sem saber para que lado ir. Porque isso acontece? Vamos entender as perspectivas de análise para criar novas possibilidades de mudanças?
Na verdade, a insegurança no relacionamento amoroso nasce dessa busca incansável por certezas. Queremos respostas definitivas, declarações sem margem para dúvidas, promessas que resistam ao tempo e às mudanças da vida.
A insegurança e a necessidade de certeza não avisa quando chega, ela se infiltra, devagar, nas entrelinhas dos dias, nas conversas interrompidas e nos silêncios carregados. Não é uma visita bem-vinda, mas, ainda assim, se instala e ocupa espaço. Faz você questionar aquilo que, até ontem, parecia tão certo. Será que ele ainda me ama? Será que ela ainda me escolhe?
Mas será que o amor pode ser medido por certezas? Ou ele vive nas incertezas que escolhemos enfrentar juntos?

É fácil confundir amor com garantias, mas o que realmente buscamos, no fundo, é conexão, queremos ser ouvidos, vistos, compreendidos. Não precisamos que alguém nos assegure, todos os dias, que nunca irá embora; precisamos de gestos, momentos, palavras que nos façam sentir que, aqui e agora, somos importantes.
Não rejeite a insegurança
Se você sente insegurança no seu relacionamento, não a rejeite. Olhe para ela como um sinal, um convite para o diálogo, para se reconectar com o outro e consigo mesma. Pergunte-se: “De onde vem esse medo? Ele está refletindo algo real ou é apenas a projeção de uma antiga ferida?”
De onde vem esse medo? Talvez ele não seja apenas um sintoma do presente, mas o eco das histórias que carregamos desde sempre. Um fio invisível que conecta o que vivemos ao que tememos viver. É como uma carta não aberta, guardada no fundo da gaveta. Não sabemos o conteúdo, mas tememos o impacto. Às vezes, o medo não é do outro; é do reflexo que ele nos mostra de nós mesmos.
O que é o amor?
O amor é, antes de tudo, um gesto. Não é o sentimento arrebatador que nos ensinaram, nem o ideal romântico de completar o outro. É a escolha de permanecer, mesmo quando o fascínio inicial perde o brilho. O amor é cotidiano, um trabalho de escuta, de adaptação, de aceitar as imperfeições que nos afastam da imagem que criamos do outro.
O Amor, não elimina as dúvidas; pelo contrário, as abraça. Amar é estar em relação com aquilo que não compreendemos plenamente, com o mistério que o outro carrega e que nunca será nosso.
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Talvez, por isso, o amor seja tão assustador: ele nos coloca diante da incerteza de que, apesar de tudo, não há garantias. Mas é exatamente aí que ele encontra sua força. O amor não precisa de certezas para existir. Ele cresce nos gestos, nas escolhas, na coragem de seguir ao lado, mesmo sem mapa ou bússola.
A Insegurança desfia os dias, nos dá dicas sobre quem somos, mas não do que iremos encontrar no caminho. Podemos escolher o tanto de dúvidas que podemos ter e escolher o quanto iremos perguntar. Mas as respostas serão apenas pedacinhos de contornos para nossa falta insubstituível. Para lidar com a insegurança, não basta dizer “confie em você”. É preciso criar um ambiente que ofereça segurança real, onde a pessoa possa experimentar, falhar e aprender sem medo de ser julgada ou de perder o valor que tem. É também necessário coragem para enfrentar esse medo e dar os primeiros passos, mesmo com a dúvida presente.
O mais importante é saber que esse sentimento pode ser compreendido, acolhido e transformado. Com apoio, cuidado e tempo, é possível reconstruir uma confiança mais sólida, tanto em si mesmo quanto no mundo. A insegurança pode ser um sinal de que algo precisa de atenção e não uma sentença definitiva sobre quem somos.
Olhar para a insegurança como um reflexo da nossa história pessoal e das nossas dinâmicas relacionais pode trazer clareza. A busca por ajuda de um Psicólogo, como na terapia, pode ser um dos caminhos mais transformadores. Ali, compreendemos que o amor pode crescer sem a necessidade de controle, em vez disso, nascer da liberdade e da confiança.
Psicóloga Daniela Carneiro