Raiva e Ódio: impactos na Saúde e nos Relacionamentos
De acordo com a Psicóloga Daniela Carneiro, vivemos em um tempo em que a raiva e o ódio aparecem em debates políticos, no ambiente de trabalho e até nos relacionamentos amorosos. Mas o que pouca gente percebe é como essas emoções influenciam não só a vida social, mas também a saúde física e emocional.
Por que a sociedade valoriza a expressão da raiva?
Pesquisas mostram que pessoas que expressam raiva são vistas como mais competentes do que aquelas que demonstram tristeza ou mágoa. Em estudos, políticos e candidatos a emprego que se irritavam eram avaliados como mais fortes e, muitas vezes, até mais confiáveis.
No ambiente corporativo, a raiva chegou a estar associada a status mais elevado entre colegas. Em entrevistas de trabalho, candidatos que mostravam irritação foram considerados mais qualificados e até receberam expectativas de salários mais altos.

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Esse fenômeno revela como a sociedade, muitas vezes, valoriza a raiva em detrimento de emoções ligadas à vulnerabilidade, como a tristeza.
O poder destrutivo do ódio
O ódio tem uma força coletiva perigosa: pode unir grupos contra um inimigo comum ou gerar perseguições. Na clínica psicológica, observa-se que onde há ódio, existe também excesso de sofrimento, físico e psíquico.
Enquanto a raiva é uma emoção momentânea, o ódio se instala como um sentimento mais profundo e duradouro. Ele nasce de uma valorização intensa do objeto odiado e consome energia emocional, abrindo espaço para doenças crônicas como hipertensão, diabetes ou até câncer.
Raiva, saúde e risco cardíaco
Estudos mostram que pessoas com explosões frequentes de raiva têm até três vezes mais risco de sofrer um infarto. Isso porque, durante um episódio de irritação, o corpo libera adrenalina em excesso. Esse hormônio acelera os batimentos cardíacos, estreita os vasos sanguíneos e aumenta a pressão arterial.
A repetição desses episódios pode provocar arritmias, tromboses, pressão alta e infartos. Mesmo pessoas sem outros fatores de risco, como obesidade ou sedentarismo, podem desenvolver doenças cardíacas apenas pela intensidade da raiva.
Além do coração, a raiva frequente enfraquece o sistema imunológico, agrava dores, acelera o envelhecimento e eleva os níveis de gordura no sangue.
Raiva e relacionamentos amorosos
Nos relacionamentos, a raiva aparece como resposta a frustrações, críticas ou sensação de desvalorização. Embora possa parecer apenas uma explosão passageira, quando repetida, ela mina a comunicação, gera afastamento e fortalece ressentimentos.
O ódio, por sua vez, é ainda mais destrutivo. Ele nasce quando a pessoa atribui ao parceiro ou parceira um valor intenso, mas negativo, sustentando mágoas prolongadas. Diferente da raiva aguda, o ódio se torna corrosivo, criando um clima de hostilidade crônica.
🔎 Leia também: A raiva nos relacionamentos amorosos
Os mitos sobre a raiva
Há muitos equívocos sobre a raiva:
- “Reprimir faz mal” – sentir raiva, seja reprimida ou expressa, sempre afeta a saúde.
- “Colocar tudo para fora ajuda” – agressões verbais ou físicas só alimentam ainda mais o sentimento.
- “Sou calmo até que mexam comigo” – o verdadeiro autocontrole é manter a serenidade mesmo diante de provocações.
Na prática, aprender a controlar a raiva é mais saudável do que simplesmente descarregá-la.
Quando a raiva vira violência
A raiva é a base de muitos comportamentos violentos, desde agressões interpessoais até autodestruição. Ela está ligada a:
- Hipertensão arterial
- Arritmias cardíacas
- Infarto
- Transtornos emocionais graves
Pesquisas também apontam que hostilidade e preconceito racial podem elevar a pressão arterial e desencadear respostas hipertensivas mesmo diante de estímulos indiretos, como filmes.
Raiva em adolescentes e no ambiente de trabalho
Estudos mostram que adolescentes mais raivosos tendem a ter notas mais baixas, menos apoio dos pais e mais dificuldade de adaptação social. A raiva frequente também aumenta o risco de depressão e abuso de substâncias.
No ambiente de trabalho, pessoas que não conseguem controlar a raiva apresentam mais conflitos, desgaste emocional e risco de violência psicológica ou física.
Como lidar com a raiva?
Ignorar a existência da raiva não é solução. O segredo está em desenvolver estratégias de regulação emocional. Isso inclui:
- Reconhecer os gatilhos emocionais.
- Aprender técnicas de respiração e autocontrole.
- Praticar exercícios físicos.
- Buscar apoio terapêutico para ressignificar emoções.
Considerações finais
A raiva e o ódio são forças humanas universais. Quando não compreendidos, geram sofrimento, adoecimento e destruição de vínculos. Mas, quando bem trabalhados, podem se transformar em sinal de alerta e oportunidade de crescimento.
Psicóloga Daniela Carneiro