casal de meia idade sem intimidade. Ele pensativo e ela olhando o celular.
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Você está afastando quem ama? 5 hábitos que sabotam o relacionamento sem perceber

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O que você diz revela mais do que imagina!

Alguns ruídos de comunicação entre casais não são apenas hábitos! São sintomas. Eles indicam formas de pensar e sentir que muitas vezes nem são percebidas, mas que vão se repetindo, incrementando a dinâmica do relacionamento amoroso. E, aos poucos, sem que ninguém perceba com clareza, o vínculo se desgasta. Sabe quando você começa a sentir uma certa repulsa pelo outro? Alguns dizem sentir um bode, um ranço, como se fosse uma irritação por pequenas coisas que o parceiro(a) faz.

A seguir, vou descrever cinco padrões que costumam surgir como queixa nos atendimentos com casais. Nenhum deles é novo ou exclusivo. São formas comuns de reagir quando estamos machucados, inseguros ou frustrados. Mas todos têm algo em comum: impedem que a conversa seja um encontro e transformam o diálogo em disputa, defesa ou isolamento.

1. Absolutismo: quando só existe um jeito certo

Em muitos relacionamentos, uma das partes acredita que, para ser amor, não pode haver falha. “Se ele me ama, não pode me magoar.” Essa lógica parece razoável à primeira vista, mas é problemática. Porque parte da ideia de que o outro deveria funcionar exatamente como você espera.

A expectativa é de coerência absoluta, comportamento previsível, resposta ideal. Só que nenhuma relação suporta esse grau de rigidez. Exigir perfeição emocional é exigir uma versão idealizada do outro e isso, cedo ou tarde, quebra.

Essa postura não costuma vir sozinha. Ela aparece quando há medo de abandono, de rejeição, ou uma dificuldade em lidar com frustrações. Muitas vezes as pessoas nestas condições  estabelecem para si mesmas  uma lupa que traduz qualquer atitude controversa do outro, como se fosse desamor. Exigir demais do outro pode ser uma maneira de não olhar para o que você mesmo não tolera sentir.

Melhoria possível: observar quando você se agarra a regras internas do tipo “quem ama deve…”. Essa rigidez, quando flexibilizada, dá lugar a um espaço mais honesto de convivência. Possibilita a ponderação de fatos que podem estar relacionados não diretamente a você, mas ao que o outro interpreta e reage. Por isso é importante você levantar hipóteses que irão aos poucos sendo confirmadas ou não, antes que suas verdades provoquem julgamentos desnecessários.

2. Visão de túnel: quando o erro apaga todo o resto

Você já se pegou prestando mais atenção ao que falta do que ao que está presente? Na convivência de muitos casais, há um padrão recorrente de focar apenas no que está errado. E não se trata de má vontade, muitas vezes, é uma defesa. Uma forma de não entrar em contato com uma dor mais profunda.

Ao ver o outro apenas pelo negativo, cria-se uma narrativa contínua de decepções. Mesmo quando há gestos positivos, eles não são reconhecidos. Como se a lente estivesse calibrada apenas para confirmar o que já se acredita: que o outro nunca acerta, nunca muda, nunca cuida.

Esse tipo de seletividade pode esconder uma tentativa inconsciente de se proteger da frustração. Porque, se nada do que o outro faz é suficiente, também não se corre o risco de se abrir, de se decepcionar de novo.

Exercício possível: reconhecer conscientemente ao menos um gesto de cuidado por dia. Não para fingir que está tudo bem, mas para sair do modo automático da crítica contínua. Dê uma oportunidade a si para conhecer o outro, saber como ele ou ela pensa. Você pode facilitar a comunicação para seu próprio benefício, para abrir uma fresta onde entre luz e você possa voltar a acreditar que é possível usufruir! Olhe positivamente na sua própria escolha em estar nessa relação!

3. Extremismo: quando tudo vira sinal de que “tem algo errado”

Pequenas situações do dia a dia, como um atraso, uma resposta atravessada, um esquecimento, ganham uma carga emocional desproporcional. O problema não é só o conflito, mas a intensidade com que ele é vivido.

Essa amplificação geralmente aparece quando os sentimentos estão represados. O que transborda não é apenas o fato em si, mas tudo que ele ativa: histórias antigas, feridas abertas, medos não nomeados.

Muitos casais entram nesse modo sem perceber, tudo parece grave. 

Toda diferença vira ameaça. Mas, quando tudo importa demais, nada consegue ser resolvido com leveza. O vínculo começa a se desgastar não pelos conflitos em si, mas pela sensação de exaustão constante.

Sugestão: ao perceber que está reagindo de forma intensa demais a algo aparentemente simples, pare e se pergunte: “isso é só sobre o que aconteceu agora?”

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4. Adivinhação: quando você interpreta, mas não escuta

A suposição de intenções é um veneno sutil nas relações. “Você só fez isso porque quis me provocar.” “Eu sei o que você quis dizer com aquele tom.” Essa tentativa de adivinhar o que o outro pensa e reagir a isso cria um ruído que impede a escuta real.

Ninguém gosta de ser mal interpretado e com o tempo, essa dinâmica cria afastamento. O outro se sente acuado, controlado ou simplesmente desmotivado a se explicar. Porque já sabe que qualquer palavra será usada como prova de uma acusação prévia.

A mente humana tende a preencher lacunas e isso é natural. Mas em relações íntimas, preencher com suposições geralmente é mais destrutivo do que útil. Adivinhar o que o outro sente ou pensa é uma forma de fugir do risco de perguntar e escutar algo que talvez não se queira ouvir.

Tente fazer perguntas antes de tirar conclusões. A dúvida sincera é sempre mais respeitosa do que a certeza defensiva.

5. Pré-julgamento: quando o erro define quem o outro é

Relacionamentos são feitos de histórias. Mas, às vezes, um erro vira sentença. “Você é egoísta”, “Você é sempre irresponsável”, “Você não liga para mim”. A pessoa deixa de ser alguém com comportamentos variados e vira uma identidade fixa baseada num momento de falha.

O problema é que esse rótulo impede qualquer possibilidade de reconstrução. Mesmo quando o outro tenta mudar, suas ações são vistas com desconfiança. Afinal, já foi “rotulado”.

Esse tipo de julgamento rígido costuma aparecer quando há ressentimento não digerido. A dor não foi acolhida ou trabalhada, ela foi encapsulada em forma de acusação. E ali permanece, funcionando como lente de aumento para tudo que o outro fizer.

Uma saída possível: ao invés de rotular, descreva o que sentiu. Não diga “você é insensível”. Diga “naquele momento, me senti ignorado”. Isso abre espaço para o outro entender o impacto sem ser esmagado pelo julgamento.

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E agora?

A pergunta mais comum em terapia de casal é: “Como resolvemos isto?”

A resposta, embora simples, exige disposição: com menos acusação e mais curiosidade. Com menos certeza sobre o outro e mais escuta do que está vivenciando na relação hoje. Nem sempre é fácil, mas é possível!

Não se trata de falar mais, mas de falar diferente. De escutar de um lugar novo, menos ameaçado. De ceder onde antes havia rigidez. De enxergar o outro não como o responsável pelo seu sofrimento, mas como alguém que também está tentando, à sua maneira, lidar com suas próprias dores.

Se esses padrões apareceram no seu relacionamento, isso não significa que o amor acabou. Significa que talvez ele esteja pedindo novas formas de expressão. Relacionamentos não terminam por falta de amor, mas por falta de escuta, de revisão e de atualização.

E você, está disposto a escutar de verdade, começando por si?

Psicóloga Daniela Carneiro
Especialista em relacionamento e desenvolvimento humano
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