Fobia
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Fobia: Você tem medo exagerado?

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O que é Fobia?

A fobia é um transtorno de ansiedade que se caracteriza por um medo intenso e irracional diante de determinados objetos, situações ou atividades. As fobias podem ser bastante debilitantes, interferindo significativamente na vida cotidiana do indivíduo que sofre com elas. A origem desses medos extremos pode ser variada, e muitas vezes está associada a experiências traumáticas, predisposições genéticas e padrões de comportamento aprendidos.

Do ponto de vista da psicanálise, a fobia é compreendida como uma manifestação de conflitos internos não resolvidos. Sigmund Freud, fundador da psicanálise, considerava as fobias como uma forma de o inconsciente desviar um medo mais profundo, frequentemente ligado a experiências infantis reprimidas, para um objeto ou situação externa específica. Isso permite ao indivíduo evitar o contato direto com as emoções mais intensas e perturbadoras ligadas a esses conflitos.

A psicanálise busca tratar as fobias ao explorar esses conflitos inconscientes. O processo envolve analisar sonhos, fantasias e a associação livre de ideias, permitindo que o paciente acesse memórias reprimidas e compreenda melhor as raízes de seu medo. Ao tornar consciente o que está no inconsciente, a psicanálise ajuda o paciente a entender a origem de sua fobia, possibilitando trabalhar suas emoções de forma mais saudável.

Além disso, a relação terapêutica em si é um componente essencial. A confiança e a compreensão entre o terapeuta e o paciente criam um ambiente seguro para explorar sentimentos difíceis e reconstruir percepções. O objetivo é que, ao longo do tempo, o paciente possa ressignificar suas experiências e encontrar formas de lidar com suas fobias que não envolvam evitação e medo excessivo.

Por fim, é importante ressaltar que, apesar da psicanálise oferecer uma abordagem profunda para o tratamento das fobias, outras abordagens também são eficazes, como a terapia cognitivo-comportamental e a terapia de exposição. A escolha do tratamento depende da preferência do paciente, da gravidade dos sintomas e do tipo de fobia.

Fobia nem sempre é uma doença em si. Pode ser um sintoma de outra causa subjacente – geralmente um transtorno mental. De qualquer forma, o medo sentido por pessoas que têm fobia é completamente diferente da ansiedade que é natural dos seres humanos.

O medo, por si só, é uma reação psicológica e fisiológica perfeitamente que surge em resposta a uma possível ameaça ou situação de perigo. Já a fobia não segue uma lógica propriamente dita, e a ansiedade nesses casos é incoerente com o perigo real que aquilo representa.

A fobia costuma ser de longa duração, provoca intensas reações físicas e psicológicas e pode comprometer seriamente a qualidade de vida de quem a tem.

No contexto psicanalítico, as fobias são frequentemente vistas como uma forma de defesa psicológica. Freud postulou que o ego utiliza mecanismos de defesa para proteger a mente consciente de pensamentos e sentimentos perturbadores. Nas fobias, esse mecanismo é chamado de deslocamento, onde o medo de algo mais ameaçador e inconsciente é transferido para um objeto ou situação mais específicos e, muitas vezes, menos ameaçadores. Esse processo permite ao indivíduo focar sua ansiedade em algo “mais gerenciável”, ainda que isso signifique evitar situações ou objetos inofensivos na realidade.

Além de Freud, psicanalistas posteriores, como Melanie Klein e Jacques Lacan, também contribuíram para a compreensão das fobias. Klein, por exemplo, enfatizou o papel das ansiedades primitivas e da posição esquizo-paranoide no desenvolvimento das fobias, enquanto Lacan abordou a estrutura simbólica do inconsciente e como os significantes podem influenciar a formação de sintomas fóbicos.

Na prática clínica, o tratamento psicanalítico de fobias pode ser um processo prolongado, pois envolve a exploração de memórias de infância, padrões de relacionamento e conflitos inconscientes. Através da análise dos sonhos, associações livres e transferência na relação terapeuta-paciente, a psicanálise busca revelar e resolver os conflitos subjacentes que alimentam a fobia.

Um dos desafios no tratamento psicanalítico das fobias é que o paciente pode resistir ao processo de tornar conscientes esses conflitos, muitas vezes porque o medo subjacente é intenso demais para ser enfrentado diretamente. No entanto, ao oferecer um espaço seguro e uma relação de confiança, o terapeuta psicanalítico pode ajudar o paciente a entender e gradualmente confrontar suas ansiedades.

Em resumo, a psicanálise oferece uma abordagem profunda para compreender e tratar as fobias, explorando os conflitos internos que as alimentam. Embora o processo possa ser longo e complexo, ele oferece ao paciente uma compreensão mais profunda de si mesmo e a oportunidade de superar seus medos em um nível fundamental.

Para além da compreensão teórica e prática das fobias na psicanálise, vale destacar o papel do ambiente terapêutico. O vínculo entre o terapeuta e o paciente é fundamental para que este último se sinta seguro ao revelar suas ansiedades mais profundas. É por meio desse vínculo que o processo de transferência – no qual sentimentos e experiências passadas são projetados no terapeuta – pode ocorrer, permitindo ao paciente reviver, simbolicamente, conflitos antigos e elaborar novas formas de lidar com eles.

A transferência pode ser uma ferramenta valiosa no tratamento das fobias. Ela permite que o terapeuta compreenda como os padrões de relacionamento passados moldam as reações atuais do paciente. Dessa forma, ao trabalhar esses padrões no contexto seguro do relacionamento terapêutico, o paciente pode começar a desenvolver novas formas de interação e enfrentamento.

Além disso, a análise dos sonhos é um elemento chave na abordagem psicanalítica das fobias. Os sonhos são considerados “a via régia para o inconsciente”, e a análise deles pode revelar conteúdos reprimidos que contribuem para a ansiedade e os medos conscientes do paciente. A interpretação de sonhos e fantasias oferece insights sobre os desejos inconscientes e conflitos que podem estar na raiz da fobia.

Contudo, é importante reconhecer as limitações da psicanálise e a necessidade de abordagens integradas. Em alguns casos, a intervenção medicamentosa pode ser necessária para ajudar a controlar a ansiedade intensa associada às fobias, permitindo que o paciente participe mais plenamente do processo terapêutico. Além disso, como mencionado anteriormente, terapias comportamentais, como a exposição graduada, podem ser usadas em conjunto com a psicanálise para ajudar o paciente a enfrentar de forma prática seus medos.

Em conclusão, a psicanálise oferece uma visão profunda e compreensiva das fobias, enfatizando a importância de entender os conflitos internos e a dinâmica do inconsciente. Através de um processo terapêutico que envolve a análise de sonhos, associações livres e a dinâmica da transferência, a psicanálise pode ajudar os pacientes a desvendar as raízes profundas de seus medos e encontrar caminhos mais saudáveis para lidar com eles.

A psicanálise não apenas oferece uma abordagem única para a compreensão das fobias, mas também fornece uma estrutura para o tratamento de longo prazo, permitindo que os pacientes confrontem gradualmente seus medos e ansiedades. Isso ocorre através do estabelecimento de insights sobre as causas profundas dos sintomas e da reestruturação de respostas emocionais, uma transformação que pode ser duradoura.

O processo de tratamento psicanalítico requer compromisso tanto do paciente quanto do terapeuta. É necessário tempo e paciência para desvendar as complexidades do inconsciente e trabalhar através das resistências que surgem quando os pacientes começam a confrontar seus medos mais profundos. O papel do terapeuta é guiar o paciente de forma compassiva, facilitando a exploração dos pensamentos e sentimentos reprimidos que alimentam a fobia.

Para algumas pessoas, a conscientização dos conflitos inconscientes por meio da psicanálise pode resultar em uma redução significativa na ansiedade associada à fobia. Com o tempo, à medida que os pacientes se tornam mais conscientes de seus processos internos, eles podem começar a desenvolver estratégias mais saudáveis de enfrentamento. Além disso, o aumento da auto compreensão pode melhorar outros aspectos da vida do paciente, contribuindo para um melhor relacionamento interpessoal e uma maior autoconfiança.

Leia Mais: Medo, como vencer os seus?

Em suma, a psicanálise oferece uma abordagem rica e profunda para entender e tratar as fobias, ajudando os pacientes a compreender as raízes de seus medos e a desenvolver uma nova compreensão de si mesmos. Embora o processo possa ser longo e complexo, ele pode levar a uma transformação significativa, não apenas na redução dos sintomas, mas também na qualidade de vida do paciente.

Tipos de fobia

Existem diversos tipos de fobias, que vão desde o medo intenso de situações sociais (fobia social), de lugares cheios de pessoas (agorafobia) até o medo de animais, objetos ou situações específicas (fobia simples).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, a fobia simples pode ser dividida em, pelo menos, cinco categorias:

  • Animais (aranhas, cobras, sapos, etc.)
  • Aspectos do ambiente natural (trovoadas, terremotos, etc.)
  • Sangue, injeções ou feridas
  • Situações (alturas, andar de avião, elevador ou metrô, etc.)
  • Outros tipos (medo de vomitar, contrair uma doença, etc.).

Causas da fobia

A causa de muitas fobias ainda é desconhecida pelos médicos. Apesar disso, há fortes indícios de que a fobia de muitas pessoas possa estar relacionada ao histórico familiar, levando a crer que fatores genéticos possam representar um papel importante na origem do medo persistente e irracional.

No entanto, sabe-se também que as fobias podem ter uma ligação bastante direta com traumas e situações passadas. Isso acontece porque a maioria dos problemas emocionais e comportamentais é desencadeada por dificuldades que uma pessoa enfrentou ao longo da vida. Todas as pessoas passam por momentos difíceis, mas algumas delas podem desenvolver, com o tempo, sentimentos de angústia que podem evoluir para um quadro de fobia.

Fatores de risco

Apesar de as causas de uma fobia não estarem totalmente esclarecidas, os médicos e psiquiatras acreditam que uma série de fatores possa estar envolvida. Veja:

Idade

Alguns tipos de fobia se desenvolvem cedo, geralmente na infância. Outras podem ocorrer durante a adolescência e há aquelas que também podem surgir no início da vida adulta, até por volta dos 35 anos de idade.

1.Histórico familiar

Se alguém de sua família tiver algum tipo fobia, você tem mais chances de desenvolvê-la também. Esta poderia ser uma tendência hereditária, mas especialistas suspeitam que crianças sejam capazes de aprender e adquirir fobia somente observando as reações de uma pessoa próxima, da mesma família, a alguma situação de pouco ou nenhum perigo.

2.Temperamento

O risco de se desenvolver uma fobia específica pode aumentar se você tiver temperamento difícil, for sensível e tiver um comportamento mais inibido e retraído do que o normal.

3.Evento traumático

Passar por uma situação traumática ou por uma série de eventos traumáticos ao longo da vida podem levar ao desenvolvimento de uma fobia.

Sintomas de Fobia

Os sinais e sintomas dependem muito do tipo de fobia que você tem. No entanto, independentemente do tipo, algumas características são notadas em todos os indivíduos que apresentam fobias:

  • Sentimento de pânico incontrolável, terror ou temor em relação a uma situação de pouco ou nenhum perigo real
  • Sensação de que você deve fazer todo o possível para evitar uma situação, algo ou alguém que você teme
  • Incapacidade de levar sua vida normalmente por causa de um medo ilógico
  • Presença e aparecimento de algumas reações físicas e psicológicas, como sudorese, taquicardiadificuldade para respirar, sensação de pânico e ansiedade intensos, etc
  • Saber que o medo que sente é irracional e exagerado, mas mesmo assim não ter capacidade para controlá-lo.

Ajuda para quem sofre de Fobia

Caso você ou alguém que você conheça está apresentando algum tipo de medo irracional, ilógico ou desproporcional a alguma situação, procure ajuda psicológica para tratar deste medo. Principalmente se o medo sentido estiver comprometendo gravemente a qualidade de vida e estiver prejudicando o desempenho no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos.

Na consulta psicológica

Qualquer psicólogo pode diagnosticar uma fobia.

Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:

1.Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram

2.Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade.

O psicólogo provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:

1.Quando o medo persistente por determinada situação, algo ou alguém começou?

2.O medo cresceu com o passar do tempo?

3.Você considera seu medo ilógico, irracional ou desproporcional?

4.O que as outras pessoas já lhe disseram sobre o medo que você sente?

5.O que te faz ter medo?

6.Você apresenta outros sintomas quando sente medo? Quais?

7.Qual a intensidade destes sintomas?

8.Você sente que o medo está comprometendo sua qualidade de vida? Em que sentido?

9.Você foi diagnosticado com alguma condição de saúde mental? Qual?

10.Você tem outros sintomas que possam ser considerados ilógicos, exagerados e também desproporcionais?

11.Você tem algum parente próximo que sofra de alguma fobia?

12.Você já procurou ajuda médica antes?

Diagnóstico de Fobia

Não existem exames laboratoriais capazes de diagnosticar uma fobia. O diagnóstico, em vez disso, é baseado em uma entrevista clínica minuciosa. A avaliação final do especialista seguirá algumas diretrizes diagnósticas.

Os critérios de diagnóstico variam muito de acordo com o tipo de fobia.

Tratamento de Fobia

O tratamento para a fobia tem como objetivo reduzir a ansiedade e o medo provocados por motivo ilógico, irracional e exagerado, ajudando no gerenciamento das reações físicas e psicológicas decorrentes deste medo.

Há três diferentes tipos de abordagem que podem ser seguidos pelos especialistas e pacientes: a psicoterapia, o uso de medicamentos específicos ou, ainda, a união de ambos.

Betabloqueadores, antidepressivos e sedativos costumam ser as medicações mais recomendadas pelos médicos e, quando unidas a terapias comportamentais, o resultado costuma ser bastante eficiente.

Complicações possíveis

Se não forem devidamente tratadas, as fobias podem comprometer gravemente a vida das pessoas e levá-las a situações extremas.

  • Isolamento social: evitar lugares, coisas e pessoas que você teme pode causar problemas profissionais, familiares e de relacionamento
  • Depressão: muitas pessoas com fobias estão mais sujeitas a desenvolver depressão e outros transtornos de ansiedade
  • Abuso de substâncias: o estresse de viver e conviver com uma fobia pode levar ao abuso de substâncias e à dependência química e psíquica, como o tabagismo, o alcoolismo e o vício em determinados tipos de drogas
  • Suicídio: alguns indivíduos com fobias específicas são mais propensos a cometer suicídio.

Prevenção

Como as causas de fobias são desconhecidas pelos médicos e especialistas, infelizmente não há formas conhecidas de prevenção. Buscar ajuda médica é sempre o melhor caminho para pessoas que já apresentem os sintomas.

( In Site Minha Vida)

  • Revisado por: Cyro Masci, psiquiatra e Diretor da Clínica Masci, em São Paulo (CRM/SP 39126)
  • Clínica Mayo – organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos, entre outros.
  • Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS MS) – site que reúne publicações, folhetos, cartazes, vídeos e legislação para acesso online produzidos pelo Ministério de Saúde e pelas entidades vinculadas.
  • Revisado por: Cyro Masci, psiquiatra e Diretor da Clínica Masci, em São Paulo (CRM/SP 39126)
  • Clínica Mayo – organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos, entre outros.
  • Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS MS) – site que reúne publicações, folhetos, cartazes, vídeos e legislação para acesso online produzidos pelo Ministério de Saúde e pelas entidades vinculadas.

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