A insegurança e a necessidade de certeza
A insegurança não avisa quando chega. Ela se infiltra, devagar, nas entrelinhas dos dias, nas conversas interrompidas e nos silêncios carregados. Não é uma visita bem-vinda, mas, ainda assim, se instala e ocupa espaço. Faz você questionar aquilo que, até ontem, parecia tão certo. Será que ele ainda me ama? Será que ela ainda me escolhe?
A busca por certeza
Na verdade, a insegurança no relacionamento amoroso nasce dessa busca incansável por certezas. Queremos respostas definitivas, declarações sem margem para dúvidas, promessas que resistam ao tempo e às mudanças da vida.
Mas será que o amor pode ser medido por certezas? Ou ele vive nas incertezas que escolhemos enfrentar juntos?
É fácil confundir amor com garantias. Mas o que realmente buscamos, no fundo, é conexão. Queremos ser ouvidos, vistos, compreendidos. Não precisamos que alguém nos assegure, todos os dias, que nunca irá embora; precisamos de gestos, momentos, palavras que nos façam sentir que, aqui e agora, somos importantes.
Não rejeite a insegurança
Se você sente insegurança no seu relacionamento, não a rejeite. Olhe para ela como um sinal, um convite para o diálogo, para se reconectar com o outro e consigo mesma. Pergunte-se: “De onde vem esse medo? Ele está refletindo algo real ou é apenas a projeção de uma antiga ferida?”
De onde vem esse medo? Talvez ele não seja apenas um sintoma do presente, mas o eco das histórias que carregamos desde sempre. Um fio invisível que conecta o que vivemos ao que tememos viver. É como uma carta não aberta, guardada no fundo da gaveta. Não sabemos o conteúdo, mas tememos o impacto. Às vezes, o medo não é do outro; é do reflexo que ele nos mostra de nós mesmos.
O que é o amor?
O amor é, antes de tudo, um gesto. Não é o sentimento arrebatador que nos ensinaram, nem o ideal romântico de completar o outro. É a escolha de permanecer, mesmo quando o fascínio inicial perde o brilho. O amor é cotidiano, um trabalho de escuta, de adaptação, de aceitar as imperfeições que nos afastam da imagem que criamos do outro.
O Amor, não elimina as dúvidas; pelo contrário, as abraça. Amar é estar em relação com aquilo que não compreendemos plenamente, com o mistério que o outro carrega e que nunca será nosso.
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Talvez, por isso, o amor seja tão assustador: ele nos coloca diante da incerteza de que, apesar de tudo, não há garantias. Mas é exatamente aí que ele encontra sua força. O amor não precisa de certezas para existir. Ele cresce nos gestos, nas escolhas, na coragem de seguir ao lado, mesmo sem mapa ou bússola.
A Insegurança desfia os dias, nos dá dicas sobre quem somos, mas não do que iremos encontrar no caminho. Podemos escolher o tanto de dúvidas que podemos ter e escolher o quanto iremos perguntar. Mas as respostas serão apenas pedacinhos de contornos para nossa falta insubstituível.
Olhar para a insegurança como um reflexo da nossa história pessoal e das nossas dinâmicas relacionais pode trazer clareza. A busca por ajuda de um Psicólogo, como na terapia, pode ser um dos caminhos mais transformadores. Ali, compreendemos que o amor pode crescer sem a necessidade de controle, em vez disso, nascer da liberdade e da confiança.
Psicóloga Daniela Carneiro