Adoção: Estrutura psicológica da criança 1
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Adoção: Estrutura psicológica da criança

Um texto interessante, “O nascimento do herói”, ou seja, o início da vida humana e a diferença entre nascer efetivamente como ser biológico e o nascimento da estrutura psicológica. A importância do papel da mãe na construção do ego e na representatividade de si mesmo, reverenciada por oferecer o aspecto continente que acolhe e nutre.

O sofrimento emocional: angústias, medos, desamparo, raiva, entre outros, relacionadas a circunstancias da vida levam o indivíduo a buscar dentro de si mesmo condições psicológicas para lidar com as frustrações. Conhecer a si mesmo e descobrir a maneira saudável de enfrentar as dificuldades.

O texto da Psicóloga Mara nos explica os primórdios de um processo de desenvolvimento psicológico muito importante onde se fundamenta toda a estrutura de personalidade do ser humano

O Nascimento do Herói 

O ato de nascer implica no sentido de começar, de iniciar, de ser o princípio da vida, de um ser, de uma ideia. Antes de vir à luz, tudo o que nasce passa por um processo que, na maioria das vezes, é imperceptível, que se dá nos recônditos de um ovo, de um ventre materno ou psíquico, nas profundezas da alma.

No passado, imaginava-se que o meio ambiente do útero materno era confinado e monótono, que o feto era completamente passivo e dependente. Pesquisas mais recentes e o desenvolvimento tecnológico demonstraram que o que se acreditava ser um mundo sem atritos, sem sensações e estímulos é na verdade um lugar rico em experiências pré-natais. O feto se movimenta, dorme e acorda, reage a estímulos, pode perceber diversos sons como o da voz da mãe, o do sangue dela correndo pelas artérias, o dos batimentos de seu coração e aqueles produzidos pela digestão, entre outras atividades. Imerso no líquido amniótico, o bebê cresce contido e protegido no abdômen da mãe. Assim, compartilham durante os meses de gestação muito mais do que a ligação mantida pelo cordão umbilical. E quando esse é cortado, na hora do nascimento, apenas a ligação física do bebê com a mãe é rompida. Diferentemente dos animais irracionais, o humano nasce imaturo e continua dependente e desprotegido. Trata-se de um processo que se inicia no ventre materno, mas continua fora dele no pós-natal.

É possível, então, concluir que o nascimento biológico do bebê humano e o nascimento psicológico do indivíduo não são coincidentes no tempo, não acontecem simultaneamente, e a criança permanece psicologicamente fundida com a mãe vários meses após o nascimento. Essa separação só ocorrerá quando o ego da criança estiver formado. Pode-se, simbolicamente, dizer que o ego também nasce, o que se dá por um processo, enquanto que o nascimento do homem corresponde a um momento. A mãe fornece um continente para o ego em desenvolvimento do filho, da mesma forma como antes tinha fornecido em seu corpo um continente para seu corpo em desenvolvimento.

A criança fica aí totalmente imersa, mantendo com a mãe uma relação que já dispensa o cordão umbilical, mas em que essa última continua fazendo papel de intermediária entre ela e o mundo. Nessa fase, o papel da mãe é o de, na medida do possível, não deixar que as experiências negativas, naturais do cotidiano de qualquer ser humano, predominem – fome, frio, dor, raiva, por exemplo – levando a criança a desenvolver assim a capacidade de tolerar a frustração e adiar a satisfação das necessidades. O atendimento da mãe à criança vai organizando as mamadas, o período de sono, o de vigília, vai impondo um ritmo. Dá o conforto desejado, assim que possível, e ensina a tolerar o adiamento da gratificação. Esse processo nos humaniza e, com o passar do tempo, a criança passa a ser dotada de um ego.
Nos contos de fada, o herói corresponde ao ego, e o processo que corresponde a seu estabelecimento, pode ser visto como o início de sua saga.

O nascimento do herói – Estrutura psicológica da criança

Mara Regina Augusto – CRP 06/17120,

Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – 35 anos de experiência.

Pós Graduação (Lato Sensu) em Psicologia Analítica – Universidade São Marcos

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

Centro de Convivência Infantil da Secretaria do Governo
Período: de março de 1984 a junho de 1985
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Vara da Infância e Juventude do Foro Regional Jabaquara
Psicóloga Judiciária/Psicóloga Judiciária Chefe
Período: de junho de 1985 a junho de 2014(aposentada)
Psicóloga Voluntária na empresa Instituto Pró-Cidadania-IPC
Psicóloga Voluntária do GAASP
Palestrante do Grupo de Apoio e Orientação à Adoção “Conta de Novo”, do GAASP – Grupo de Apoio a Adoção de São Paulo e dos Encontros Prepatórios de Adoção da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional Jabaquara.

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